OPINIÃO: PRR será só mais uma oportunidade?

Opinião de Alfredo Dias

OPINIÃO: PRR será só mais uma oportunidade?
Alfredo Dias

Alfredo Dias

Professor Universitário

De uma forma geral, em todos os eventos, ou acontecimentos, podemos identificar aspetos positivos e negativos, não sendo exceção o cenário pandémico que vivenciamos nos últimos dois anos. Não nos focando no momento no que de negativo acarretou, naturalmente e desde logo o terrível problema de saúde pública per se, enalteçamos o esforço coletivo de comunidades, cientistas e decisores políticos, na definição de uma estratégia de resposta aos mais vários níveis. Feitos importantíssimos, considerados anteriormente como impossíveis em tão curto espaço de tempo, resultaram dessa concertação, como é o caso do desenvolvimento e aprovação de uma vacina contra o SARS-COV2.
Mas a necessária resposta não terminou com a vacinação massiva de populações; não nos reportando sequer a territórios onde essa não é ainda uma realidade, mas olhando para a Europa, o abalo social e económico foi de tal modo demolidor, que impeliu à definição de um plano de ação global. Surge, assim, o plano de recuperação e resiliência – PRR- com o objetivo fulcral de mitigar os efeitos negativos desta pandemia.
O programa foi desenhado dentro do quadro de tempo possível, com foco nos problemas já conhecidos resultantes da pandemia, mas também antevendo as consequências futuras que eventualmente possam persistir no tempo.
Sob o mote “Recuperar Portugal, Construir o Futuro”, o programa tem uma dotação total de 16,6 mil M€ e está organizado em trono de 20 componentes, que integram 37 reformas. Neste particular importa destacar que cerca de 2/3 dos recursos do PRR estão destinados às vertentes da vulnerabilidade social, da resiliência económica e da resiliência territorial, temas absolutamente críticos para o presente e futuro da nossa região.
No Plano de resiliência podemos encontrar inúmeras iniciativas e investimentos que poderão efetivamente fazer a diferença na vida das pessoas, como os exemplos que em baixo refiro, a título de exemplo:
- Apoiar agregados familiares com habitação digna;
- Criar novos postos de trabalho qualificados;
- Apoiar intensivamente a renovação de edifícios, residências, públicos e de serviços;
- Formar pessoas em competências digitais;
- Reforçar a qualificação e rejuvenescimento do quadro de recursos humanos da administração pública;
- Promover a transição digital das empresas.
Neste enquadramento, as autoridades locais, mas particularmente as autarquias, têm um papel central, pois cabe-lhes, não só, a responsabilidade de atrair os financiamentos, para os quais são elegíveis, mas também dinamizar toda a sociedade e agentes económicos para responder ao desafio, nomeadamente estabelecendo acordos e parcerias que permitam maximizar os resultados.
Haverá, com certeza, maior ou menor concordância com algumas das propostas do PRR, mas é indiscutível a sua pertinência e oportunidade única que representa.
Num território com desafios tão exigentes, como é o da Sertã, como a perda e envelhecimento da população, a pressão negativa nos rendimentos, os elevadíssimos riscos ambientais e de segurança, o PRR surge como uma ferramenta valiosa que permitirá não só minorar o impacto da crise pandémica no presente, mas, principalmente, melhorar a qualidade de vida das suas gentes, no futuro.
Por este motivo, este é um desafio a que todos somos chamados, autoridades locais, empresários, investidores, associações, ou cada um dos cidadãos. Se o desafio for abraçado por todos, certamente poderemos melhorar o presente da Sertã e preparar de forma sólida a construção do seu futuro.
Se há lição positiva a retirar desta pandemia é, com certeza, que a união faz efetivamente diferença e que o alinhamento global em torno de um objetivo comum dá resultados efetivos.
Façamos juntos a diferença, pelas nossas pessoas e pelo nosso território!

Alfredo Dias
Professor Universitário

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