PAMPILHOSA DA SERRA/100 dias: Um mandato de continuidade e de afirmação do concelho

Aposta no turismo de natureza e noturno, apoio à atividade económica, luta contra a desertificação e interioridade são algumas das bandeiras de Jorge Custódio, presidente da câmara de Pampilhosa da Serra para este mandato.

PAMPILHOSA DA SERRA/100 dias: Um mandato de continuidade e de afirmação do concelho

Jorge Custódio foi eleito presidente da Câmara Municipal de Pampilhosa da Serra nas autárquicas de 26 de setembro. Antes de se sentar na cadeira da presidência deixou para trás um percurso de autarca, primeiro como presidente da junta de freguesia de Pessegueiro e depois como vereador e vice-presidente no anterior executivo de José Brito.
Conhecedor dos cantos da casa, foi sem dificuldades que pegou nos dossiers e nos projetos em curso. As lutas contra a desertificação e por melhores acessibilidades, a preocupação para com os empresários locais e com os aspetos da saúde, são algumas das pastas a que Jorge Custódio irá dar continuidade.
Do ponto de vista turístico existem projetos a longo prazo que pretendem atrair, simultaneamente, nichos diferentes de mercado, como sendo a reconversão de áreas ardidas, nas margens do Zêzere, para zona de vinha e a potenciação do conceito Dark Sky.

Transcrevemos de seguida um pequeno excerto de uma entrevista mais longa que está disponível em Podcast. Para escutar clique AQUI.

Rádio Condestável (RC): Foi eleito em setembro de 2021 mas o seu percurso na câmara não começou o ano passado?
Jorge Custódio (JC): Sim, a câmara não é nova para mim. O meu percurso autárquico já começou há uns anos enquanto presidente da Junta de Freguesia de Pessegueiro e durantes estes últimos anos tive o privilégio de ser vice-presidente do anterior presidente José Brito. Durante estes 14 anos que estive com ele já tomei conhecimento dos dossiers, dos problemas e dificuldades que a câmara tem. Apesar de ser o novo presidente já consegui trazer na bagagem muito do conhecimento dos mandatos anteriores.

RC: Agora, como está a ser trabalhar a partir dessa cadeira de presidente?
JC: É diferente. O peso da responsabilidade é outro. Todos os presidentes querem mostrar serviço e eu não sou exceção. Quero dar como provada a confiança que todos os pampilhosenses depositaram em mim e não quero defraudar as suas expetativas.

RC: Não se quer, portando, demarcar das políticas que vêm de trás.
JC: Claro que não. Essas foram feitas no conjunto do executivo e eu fui contribuindo para tentar definir as políticas locais e orgulho-me muito delas e não fujo a elas.

RC: Mas onde vai colocar o seu cunho agora?
JC: As dificuldades destes territórios do interior são imensas. Ao contrário do que muitos julgam, conseguir fazer algo nestes concelhos é dez vezes mais difícil do que em algumas cidades em que “com um pontapé na pedra as soluções aparecem”. Aqui, no interior, continuamos a ter as dificuldades das infraestruturas rodoviárias e a questão dos acessos. Enquanto não conseguirmos resolver isso muito dificilmente conseguimos fixar empresas, logo não criamos postos de trabalho e não conseguimos aumentar população e segurar população. É uma tarefa hercúlea.

RC: O que é que a câmara já fez, por exemplo, com o tecido empresarial?
JC: Nestes primeiros dias já tivemos reuniões com alguns comerciantes e empresas no sentido de perceber onde é que a câmara pode ajudar e apostar para criar um tecido empresarial mais forte, pois é ele que tem que criar postos de trabalho e tentar segurar as pessoas. Isto não aparece com o estalar de dedos. O caminho é difícil mas estou disposto a fazê-lo.

RC: E já houve algum resultado prático dessa reunião?
JC: A ideia é dinamizá-los e envolve-los com esta preocupação da câmara. Muito tendo em conta a questão dos fundos comunitários que estão em cima da mesa, quero que os empresários percebam onde é que a câmara pode, do ponto de vista legal, ser útil e facilitador para que todas estas empresas possam concorrer a estes fundos.

RC: Um dos problemas deste concelho são as acessibilidades. Continua-se a lutar pela ligação ao IC8?
JC: Infelizmente continua-se a ouvir muito nos órgãos de comunicação social falar sobre o interior mas, na verdade, as coisas não acontecem como se apregoa. Felizmente, depois dos incêndios houve um compromisso do Governo em fazer a requalificação da Estrada Nacional 244 que liga ao IC8. Terá duas fases. Em boa hora o Governo conseguiu sinalizar esta primeira fase no PRR e tive há pouco tempo uma reunião com a Infraestruturas de Portugal, onde me garantiram que este mês de fevereiro já iam lançar o concurso público para a requalificação da EN244. Isso já é uma boa notícia. Estamos já a pegar na segunda fase para ver se de uma vez por todas conseguimos ter uma melhor acessibilidade ao IC8 pois é a nossa via principal de ligação ao Pinhal interior e à nossa sede de distrito.

RC: Os últimos Censos mostraram uma realidade que é nacional. A luta contra a desertificação também é uma marca deste concelho. Tem sido suficiente e dado resultados?
JC: Não tem dado os resultados que pretendíamos. Mas antes de falarmos da Pampilhosa temos que perceber o que se está a passar no país. Alguns dos nossos decisores políticos têm que perceber que há algo que não está a funcionar bem. Como é que é possível num país com 308 concelhos, 264 perderem população e estão no interior do país. A balança está desequilibrada. Felizmente a Pampilhosa não foi dos concelhos que perdeu mais comparativamente com outros concelhos aqui à volta. No entanto, independentemente das medidas pontuais que a câmara possa ir fazendo, no que diz respeito aos apoios à natalidade, às crianças, a nível dos transportes, etc, não chega. Enquanto não houver um pensamento estrutural por parte do governo central em que haja um mecanismo para trazer pessoas para o interior o problema da população vai acontecer agora e daqui a 10 anos.

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