
Em Figueiró dos Vinhos rematam-se as arestas de vários projetos que tiveram início há oito anos. Este é o último mandato do presidente da Câmara Municipal de Figueiró dos Vinhos, Jorge Abreu, um presidente que tem conseguido levar a bom porto os projetos que se propôs realizar. Um dos mais emblemáticos foi a reconversão da SONUMA e atrás deste, outro semelhante poderá surgir.
O turismo, através da identidade cultural de Figueiró, pela inspiração do pintor José Malhoa, é outra das apostas a ter sempre em consideração, num território que se pretende unido para conseguir atrair visitantes.
A natureza, aliada a um projeto que se pretende diferenciador, mas que o autarca prefere, por hora, não divulgar, adivinha um afluxo de pessoas ao território. O mesmo território que, apesar dos incêndios, ainda poderá viver da sua floresta.
Transcrevemos de seguida um pequeno excerto de uma entrevista mais longa que está disponível em Podcast. Para escutar clique AQUI
Rádio Condestável (RC): Este último mandato será para terminar obras que se começaram a pensar há cerca de oito anos?
Jorge Abreu (JA): Sim. Este último mandato é extremamente importante. Falo do trabalho que fizemos há oito anos a esta parte, nomeadamente ao nível do equilíbrio das contas. Encontrámos uma situação em termos financeiros muito débil. Eram sete milhões em dívidas. Os primeiros seis anos de mandato foram muito preocupantes e tínhamos a braços o pagamento de um milhão de euros por ano e isso desequilibrou-nos as contas, mas felizmente, através do quadro comunitário, de candidaturas que fomos apresentando, conseguimos uma comparticipação significativa de 85% nas obras que fizemos e no desenvolvimento do concelho em vários aspetos. Estamos a consolidar candidaturas e preparámos também este mandato para o que aí vem, ou seja, o novo quadro comunitário 20/30, o PRR, a Revitalização do Pinhal interior e ao nível da comunidade. Estes serão quatro anos cruciais.
RC: De que candidaturas está a falar?
JA: Temos que dar sequência a muitas candidaturas e estamos preparados para não desperdiçar qualquer apoio. Não tenho uma área que diga que é prioritária. No fundo estamos a trabalhar no global. Este é um município pequeno e todas as áreas são importantes. Ao nível de áreas industriais estamos a trabalhar na possibilidade de ter uma de dimensões maiores, em termos de localização de empresas. Deparamo-nos com empresas que se querem localizar e querem espaços bastante grandes e não temos isso. Estamos a trabalhar para não desperdiçar, nomeadamente investimento privado.
RC: Sobre esta área industrial de maiores dimensões. Já têm algum sítio específico para a sua concretização?
JA: Já temos o sítio e a área e estamos a preparar tudo para possível candidatura.
RC: Onde será?
JA: É junto ao IC8, na entrada sul de Figueiró dos Vinhos.
RC: Isso significa que se terá que mexer no Plano Diretor Municipal?
JA: Está enquadrado no plano. Pretendemos abreviar o tempo e estamos preparados para não desperdiçar qualquer financiamento em todas as frentes.
RC: O IC8 é estruturante e essencial para esta região mas continua estrangulado na sua parte final. O que está a ser feito para colmatar este problema, nomeadamente a nível de comunidades intermunicipais?
JA: O eixo de Ansião até Pombal carece de intervenção. Apesar do empenhamento dos municípios e das CIM, sabemos que depende do Poder Central mas estamos cá para lutar. É uma luta antiga mas está sempre em cima da mesa.
RC: Falar de Figueiró é, inevitavelmente, falar da SONUMA. A câmara deu-lhe uma nova vida. Agora como está aquele espaço?
JA: Aquele espaço foi um dos casos de sucesso. Conseguimos reabilitá-lo. Na altura a câmara estava numa situação financeira difícil mas a nossa política foi sempre nunca deixar de fazer investimento por não termos possibilidade financeira, caso contrário atrasávamos o nosso concelho em relação a outros. Ainda estamos a liquidar o empréstimo que fizemos mas hoje, sem qualquer empate de capital da câmara, temos sete empresas nos sete lotes. Estão a laborar com um desenvolvimento considerável e muito importante para o concelho. As empresas estão lá até que o pretendam, pagam a sua renda e o que nós pagamos ao banco mensalmente, é inferior ao que as rendas nos dão. É um modelo a replicar. Oferta de chave na mão aos empresários, é uma opção benéfica.
RC: Dos sete que referiu algum está em condições de passar para uma zona industrial?
JA: Para já não.
RC: Ao nível de cultura, o concelho pode dar grandes e bons passos nesta área...
JA: Sim, mesmo porque temos tradição nesta área através do Malhoa, mas não só. Pegando nesse filão, em termos nacionais e internacionais, Figueiró está aliado a tudo o que é cultura, nomeadamente ao nível da CIM. Temos aquilo que os outros não têm e queremos abrir à região e ao país este filão. Não queremos perder identidade em termos culturais. Eu dei seguimento ao que vinha de trás e quem vier a seguir tem que perceber que este trabalho que tem vindo a ser desenvolvido é extremamente importante. Temos algo que nos pode dar impulso.
RC: Figueiró dos Vinhos recebe muitas pessoas por ano através da cultura?
JA: Não só pela cultura, mas é um atrativo. Há pessoas que vêm diretamente ao Centro de Artes, ao Casulo de Malhoa, mas também aproveitam a nossa beleza natural. Se conseguirmos ter uma oferta diversificada onde a cultura tem um assento fundamental, na região, todos temos a ganhar. Neste interior, tem dimensão e peso, as pessoas que nos procuram pela cultura.