FERREIRA DO ZÊZERE/100 dias: Município começa a definir estratégias para o futuro

O turismo é a aposta cimeira do Município de Ferreira do Zêzere para os próximos anos. A estratégia para que deixe de ser sazonal começará a ser implementada em breve.

FERREIRA DO ZÊZERE/100 dias: Município começa a definir estratégias para o futuro

Depois de reorganizar os serviços internos, o Município de Ferreira do Zêzere começou a elaborar o Plano Estratégico 20/30 para o concelho, para colocar em prática nos próximos anos. Deste plano destacam-se as apostas num turismo que se quer para o ano inteiro, num desporto que atraia gentes a nível nacional e numa habitação que consiga responder às solicitações que se esperam.
Com a casa arrumada, Bruno Gomes, presidente da Câmara Municipal de Ferreira do Zêzere, considera que tem condições para começar a trabalhar em projetos que deem a conhecer este território de potencialidades diversas e que venham a desenvolver ainda mais este concelho a breve prazo.

Transcrevemos de seguida um pequeno excerto de uma entrevista mais longa que está disponível em Podcast. Para escutar clique AQUI.

Rádio Condestável (RC): Qual foi o seu percurso de vida até chegar à cadeira de presidente?
Bruno Gomes (BG): Aos 17 anos entendi que tinha que dar o meu contributo e queria ser presidente de câmara, isso era inequívoco, era algo que eu decidi naquela altura querer, e então todo o percurso foi vivido nesse sentido. Sou músico profissional ligado ao acordéon e, pese embora goste muito de tocar acordéon, nunca deixei de lado a questão política e sabia sempre que tinha de conciliar a minha vida profissional com a vida política porque só assim conseguia ser presidente da câmara. Decidi também não sair do meu concelho. Não sou licenciado, tenho sete matrículas, não por ser mau aluno: era sempre o melhor ou dos melhores durante o meu percurso de formação, mas o facto de o meu pai ter falecido quando eu tinha dois anos e meio e a minha mãe ter algumas dificuldades e o facto de eu entender que queria ficar cá, fui sempre trabalhando e estudando e depois, dado que sou exigente comigo mesmo, a dada altura entendia sempre que não estaria ali a fazer a minha formação com a devida qualidade, passar por passar também não estava disponível, ou fazia o meu curso a sério ou então preferia não fazer. E a vida foi-me trazendo para este rumo. Fui presidente da associação de estudantes, fui presidente da Juventude Socialista (JS) de Ferreira do Zêzere, fui presidente da JS Distrital, fez 17 anos que assumi a liderança da concelhia do PS de Ferreira do Zêzere, tinha na altura 21 anos, tinha entrado para a Assembleia Municipal e então, já nessa altura entendi que tínhamos que criar aqui os alicerces no partido para que pudesse, a dada altura, lutar de igual para igual para um PSD e um sistema rijo e organizado. Só assim é que conseguiríamos ganhar. Tínhamos que apresentar uma alternativa forte e as coisas foram andando e entendemos que agora, em 2021, seria a cajadada final de todo este projeto. Tínhamos tudo para ganhar. As coisas correram-nos melhor que aquilo que estávamos à espera. Foi um caminho sempre muito bem alicerçado, muito bem pensado, para chegar aqui e ganhar.

RC: E como é que têm sido estes estes primeiros 100 dias?
BG: Têm sido extremamente duros no sentido em que temos muitíssimo para tratar e é muito difícil tratar da gestão diária e também da estratégia de futuro. Conciliar tudo e querer receber as pessoas, querer ter uma postura de completa abertura perante os munícipes é difícil e obriga a que tenhamos de trabalhar muitas horas. Agora eu estou cá porque quero, tenho muito gosto e muito orgulho em poder dar o meu contributo para a melhoria de um concelho como Ferreira do Zêzere e, pese embora ande um pouco cansado, todos os dias acordo cheio de vontade de trabalhar muito.

RC: Já organizou a “casa”?
BG: Ainda não organizei a casa totalmente, estamos aqui sempre num processo de recolha de informação, de afinação desta grande máquina. Agora, como é lógico, nós tínhamos dado conta aos munícipes que queríamos ter um município com mais divisões, por forma a sermos mais céleres, mais transparentes no que toca às informações que damos às pessoas, tínhamos também um grande problema no que respeita a tudo o que é habitação, legalização e licenciamento. Entendemos passar de duas para quatro divisões. Neste momento temos quatro chefes de divisão em regime de substituição e eles também já têm carta-branca para desempenhar as suas funções da melhor maneira. Eu há cerca de uma semana já me sinto também um bocadinho mais liberto, porque eu tinha todas as competências que um município pode dar e isso era duro. Esta primeira fase está feita, agora falta algumas afinações que durante os próximos dias iremos fazer.

RC: Então agora já é possível libertar-se e ter tempo para se centrar nos problemas mais prementes do concelho?
BG: Sim. Eu dou-me muito bem com muitos presidentes de câmara, por estar há muito tempo com uma vida política ativa mas também por força de ser músico e aquilo que fui sempre ouvindo foi que a grande dificuldade é termos tempo para pensar. E de facto é isso, precisamos de ter tempo para pensar, mas eu agora já começo a ter esse tempo. É sempre difícil planear o futuro do concelho; o mundo também está em mudança constante, há projetos que há dois anos faziam sentido e que agora temos de os reformular porque muitas das coisas já estão desatualizadas, já existem melhores soluções e então temos de também pensar rápido. Ainda hoje (8 de fevereiro) estivemos a desenvolver, com os nossos colaboradores, um Plano Estratégico para Ferreira do Zêzere a que chamamos Plano Estratégico 20/30 e que vai ser um instrumento super importante para escolhermos o caminho que Ferreira do Zêzere vai desenvolver. Sempre disse que achava que faltava estratégia e nós estamos a trabalhar para ter uma estratégia que seja a mais correta. E então já há tempo para isso, agora estou deserto para perceber quem é que serão os ministros e secretários de estado que irão tomar posse para começar a marcar reuniões e a pressionar no sentido de Ferreira do Zêzere poder avançar.

RC: Com base nesse Plano Estratégico 20/30 qual é a primeira ação que quer desenvolver?
BG: Eu sou sempre um conciliador, um alavancador de pontos e promotor da solução de problemas. Este Plano Estratégico será sempre um plano onde todas as pessoas serão ouvidas, onde todas as entidades, associações, empresários, serão ouvidos e terão uma palavra a dizer. Também já o disse há uns meses que o turismo terá que ser aqui um motor de desenvolvimento para Ferreira do Zêzere, um turismo de excelência e que crie condições para que consigamos fixar mais pessoas, consigamos trazer mais pessoas. Será a força motriz esse turismo de excelência.

RC: Será um turismo “todo o ano” e não sazonal. Como pretende implementar este conceito?
BG: Não é de todo fácil, mas a câmara tem de criar condições para que isso aconteça. Durante o verão não temos esse problema mas vamos ter de criar um conjunto de atividades fora da época de verão. Temos que, juntamente com os promotores, encontrar estratégias para aumentar a vinda dos turistas durante a semana, e isso faz-se de todas as maneiras: campanhas publicitárias, apoios aos promotores, queremos ter uma Startup ligada ao turismo para trabalhar essa matéria. Temos consciência que há muitíssimo a fazer mas, como disse, estamos ainda numa fase de início no que diz respeito a essa definição de estratégia e queremos que ela seja feita por quem sabe.

RC: Ferreira do Zêzere tem oferta hoteleira e de restauração suficiente para acolher todos os turistas que se esperam?
BG: Não, não tem de todo. Continuamos a ter muitos alojamentos locais, mas falta-nos uma capacidade hoteleira que seja de qualidade e a restauração também. É uma grande lacuna nossa. Qualquer evento que façamos, de dimensão regional ou nacional, temos a restauração e a hotelaria cheias e temos de colmatar isso também. Acredito que, se o município tiver um papel importante na vinda de pessoas fora da época de verão, acredito também que tenhamos promotores com a disponibilidade para investir. Uma coisa chamará a outra.

RC: E quanto à EN 238. Na campanha eleitoral juntou-se com a Sertã prometendo lutar por esta estrada. Considera que era importante ter um novo traçado ou aquilo que a Infraestruturas de Portugal quer fazer (requalificação) é suficiente?
BG: Não é suficiente. Durante todos estes anos tenho olhado para aquele percurso com atenção. Até como vereador da oposição nos últimos quatro anos e comprometi-me, juntamente com o presidente da Câmara Municipal da Sertã, Carlos Miranda, em olharmos para a EN 238 com muita atenção. Até tinha uma reunião com o Ministro das Infraestruturas e um dos assuntos era este. Acho que se deve pensar num projeto de âmbito maior. Não me sinto confortável a olhar para a pequena requalificação que está prevista. Juntamente com a Sertã temos que tomar uma posição forte no sentido de termos ali um traçado forte que seja alavancador do desenvolvimento e que permita diminuir distâncias. Tão depressa que saibamos quem vai tutelar esta área é reunir rapidamente e exigir uma solução que seja a melhor para aquele traçado.

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