CASTANHEIRA DE PERA/100 dias: Município inicia revolução no território

Mudança poderá começar a ser visível ainda este ano.

CASTANHEIRA DE PERA/100 dias: Município inicia revolução no território

Em Castanheira de Pera existe uma vontade titânica de fazer obra e de catapultar o concelho para uma vertente turística que aproveite as potencialidades até agora não aproveitadas.
Tirando partido das infraestruturas existentes, melhorando e renovando equipamentos e espaços e construindo rotas que enalteçam as tradições de Castanheira, António Henriques, presidente da câmara eleito a 26 de setembro de 2021, quer iniciar uma revolução no sentido de desenvolver o concelho e mostrar que este é um destino de excelência para desfrutar durante mais do que um dia. Em vista estão também o retomar de algumas iniciativas que deixaram de se realizar e outras que visam potencializar os produtos endógenos do território.
O presidente não esconde que os seus níveis de ansiedade aumentaram muito pois existe necessidade de concretizar obra e de promover o concelho de forma estruturada e com qualidade. O desejo é que este ano a mudança seja visível e o início de afirmação do território se sinta efetivamente.

Transcrevemos de seguida um pequeno excerto de uma entrevista mais longa que está disponível em Podcast. Para escutar clique AQUI.

Rádio Condestável (RC): Para quem não o conhece, quem é António Henriques e como chegou a presidente da Câmara Municipal de Castanheira de Pera?
António Henriques (AH): Nasci em Carregal Cimeiro, uma aldeia do concelho de Castanheira de Pera. Vivi toda a infância e adolescência aqui. Depois de terminar o curso de Engenharia Civil optei por ficar aqui a viver e chego a este lugar por um projeto que iniciei em 2017 com a minha equipa. Perdemos as eleições e durante estes últimos quatro anos houve muita coisa que ficou por fazer. Chegado a 2021, com o anterior candidato a decidir não avançar, achei que haveria um projeto para dar continuidade e para operacionalizar. Chego aqui essencialmente para a concretização de um projeto que, infelizmente para o território, em quatro anos não foi concretizado.

RC: Como têm sido estes primeiros 100 dias à frente da câmara?
AH: Tem sido um desfio. Começámos por falar com todos os colaboradores da câmara e explicar todo o projeto que tínhamos para o concelho. Este trabalho, sem ter a colaboração dos trabalhadores municipais, é impossível. Deixo-lhes por isso uma palavra de apreço, pois a forma como fomos recebidos e integrados foi fenomenal e a forma como as pessoas estão a trabalhar, dentro do que foi a nossa definição estratégica para o Município nas mais diversas linhas de ação, tem sido excecional. Estes primeiros 100 dias têm decorrido de forma tranquila, com muito trabalho e com muitos desenvolvimentos em determinadas áreas. O culminar desse trabalho foi a aprovação, por unanimidade, do nosso orçamento para 2022. Nós não lhe chamámos isso mas sim uma visão estratégica plurianual. É um documento que pretende alavancar o nosso concelho nas mais diversas linhas de ação. Há aqui uma integração muito concreta do que pretendemos para desenvolver o nosso concelho. Acho que esse foi o culminar de todo o trabalho que desenvolvemos durante este pequeno período de tempo. A aprovação deste documento eleva-nos a responsabilidade e estamos preparados para a assumir.

RC: No projeto que têm para o concelho, o que é que já foi feito?
AH: Dividindo em várias linhas de ação, comecemos pela parte empresarial. Necessitamos de pessoas para este território. O grande desafio é inverter este declínio demográfico, e só o conseguimos se concretizarmos postos de trabalho e uma forma de as pessoas se conseguirem fixar. Estamos a concretizar o início do projeto para uma nova área empresarial (Barros III). Já temos interessados no espaço. Também a dinamização do Parque Industrial do Safrujo, onde vamos efetivar a pavimentação das redes viárias municipais, onde a Ribeira de Pera (empresa municipal) tem uma candidatura aprovada de cerca de 500 mil euros para a recuperação de alguns edificados e vias internas do parque. Temos também a zona da Retorta onde estamos a desenvolver um projeto para criar mais uma oferta nessa área. O objetivo é conseguir oferecer estes espaços aos empresários que cá estão, não permitir que se vão embora por falta de condições, e a outras empresas.

RC: Tendo empresas e criando emprego, mais facilmente se fixam pessoas?
AH: É importante perceber que, se queremos fixar pessoas no território, temos que olhar para a questão de habitação. Assim aprovámos a Estratégia Local de Habitação e estamos a aguardar a assinatura do contrato com o IHRU e assim, juntamente com o PRR, de forma complementar, promover junto dos privados a dinamização e a recuperação de algum do nosso edificado que, numa fase inicial, passa pela nossa vila, pois é aí que a estratégia local está concentrada e em algumas áreas identificadas na aldeia das Sarzedas de São Pedro. Mas depois queremos estender às nossas aldeias para lhes dar um dinamismo diferente.
Temos também considerado no Plano e Orçamento a criação de um regulamento de medidas de apoio à família e fixação de empresas, não só na natalidade mas também com medidas complementares para que as pessoas se possam fixar, nomeadamente na criação dos licenciamentos das habitações e projetos. Criámos o Gabinete de Apoio ao Investimento. Não tínhamos pessoas dedicadas a fazer candidaturas, quer para o Município, quer para ajudar os privados. É um gabinete que irá funcionar na Praça da Notabilidade e pretende, para além deste apoio às candidaturas, dar ajuda aos empresários e entidades privadas que aqui queiram investir.

RC: E na área do turismo, o que se pretende para este território?
AH: Há muitos anos que identificámos um turismo com uma sazonalidade enorme e pretendemos fazer um trabalho que permita inverter essa sazonalidade, a qual nos traz pessoas no verão. É um tipo de turismo que faz parte do nosso mercado mas não se fixa aqui durante dois ou três dias e estamos a trabalhar na promoção e divulgação do nosso património natural e cultural. Temos a Serra da Lousão e não sabemos aproveitar essa mais-valia. Temos a norte uma floresta com características endógenas excecionais e temos que, dentro de uma linha de sustentabilidade, saber aproveitar isso. E já vamos a dar os primeiros passos. Já temos uma candidatura de três percursos pedestres na zona do Coentral e na aldeia de Pera que estão interligados com o Passadiço das Quelhas, de forma a fazer rotas circulares. O parecer do ICNF foi favorável e queremos colocá-los no terreno até maio/junho para no verão, começarmos a dinamizar esses espaços.
Temos o Santo António da Neve e a história do neveiro diretamente ligada ao Coentral e a nossa intenção é criar a Confraria do Neveiro e promover aquela marca e espaço, não só aqui, mas levar até Vila Nova da Barquinha, que era onde o gelo entrava no barco, no Tejo, para ir até Lisboa, e fazer um roteiro completo.

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